terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Outra Face da SIERA, a Ciclo-Frankenstein

Neste meu recente percurso pelo mundo das ‘pasteleiras’, pela minha mão já passaram duas unidades e meia (2.5) de origem nacional, todas elas modelos de quadro aberto. A meia unidade deve-se ao facto de ter adquirido uma bastante incompleta unicamente para aproveitar algumas peças. A intenção inicial era recuperar as duas (uma Confersil e uma Siera) mas por razões do destino, de todas elas, só fiquei com material suficiente para uma e pouco mais. Esta recuperação foi sendo sucessivamente adiada em prol de outros projectos e, agora que decidi por mãos à obra, acho que esta iniciativa deixou de ter o interesse que me suscitava no inicio, pelos seguintes motivos:

Em primeiro lugar porque cada vez vê-se mais pasteleiras a rolar, seja pelas que sempre rolaram com os seus proprietários, seja pelas que ganharam uma segunda vida graças ao boom dos restauros de pasteleiras. De repente, começaram a surgir dos escombros e já começam a tornar-se banais. Tão banais que até já são novamente fabricadas por uma empresa do centro do país. Não é que eu tenha alguma coisa contra isto, ou tenha deixado de gostar…não, muito pelo contrário, simplesmente, já não faz tanto sentido gastar uma ‘pipa de massa’ em pintura e peças cromadas (que são muitas) para ter uma bicicleta comum.
Em segundo lugar, das tais 2.5 bicicletas, e que só consegui material para uma, é material que nem sequer é todo do mesmo fabricante do modelo inicial. Quer dizer…tenho peças holandesas (aros inox), peças francesas (pneus Michelin), peças da Confersil, peças da Sangal, Ciclofapril e, se calhar, até material Indiano ou indefinido. Eu sei! Eu sei que na época, os nossos montadores/fabricantes de bicicletas utilizavam peças nacionais de várias proveniências, mas, não me parece bem misturar Confersil com Sangal, Holandês com Françês, tudo numa bicicleta supostamente original e Portuguesa. O mais certo era, depois de ter doado um órgão para pagar os cromados e de por a bicicleta toda ‘pipi’, como resultado final ficava na mesma com uma espécie de …’Ciclo-Frankenstein’ sem grande valor.
Em terceiro lugar, de todo o material que tenho disponível, algum dele não está nas melhores condições. Pode ser reutilizado mas, não iria ficar com a qualidade de acabamento que desejaria. 
Resumindo;
É, acho que não vale a pena! Como o investimento até agora nesta ‘manta de retalhos’ já roça o absurdo e não ia conseguir um bom resultado, lembrei-me de fazer como o amigo Jorge, uma personalização que me fique mais em conta, uma espécie de brincadeira. O quadro está, faz algum tempo, pintado de creme.



Vai daí, lembrei-me que em vez de cromar as restantes peças, porque não experimentar zincar a preto?  Depois de ter mandado tirar o crómio e de ter passado uma manhã e uma tarde a lixar tudo, quase todo esse material deveria ir para cromar. Em vez disso levou uma zincagem a preto. O resultado é no mínimo esquisito mas não é de todo feio.



O preto não é uniforme, em determinados ângulos tem tonalidades de verde e azul. Este banho de preto que as peças levam no processo de zincagem não é de grande durabilidade porque basta um pequeno raspão para se notar a cor do zinco normal por baixo. É necessário um certo cuidado no manuseamento destas peças.


É provável que esta minha opção não vingue. Se calhar vai ficar uma bicicleta estranha, mas, recuso-me a investir mais nisto. Vamos ver no final...!

2 comentários:

  1. EHEHEH!! Fantástica! Acho que fizeste uma boa opção. Já estamos todos fartos de cromados.Adorei a pintura do quadro.

    Força. Quero ver o resultado final.

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  2. Está no bom caminho, o selim ficou com muito bom aspecto.

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